O setor de mineração no Pantanal está encontrando o melhor cenário para uso da hidrovia do Rio Paraguai após quase dois anos de níveis críticos para o transporte.
O Rio Paraguai atingiu a marca de 2,36 metros nesta quarta-feira (30 de abril), algo que não ocorria desde 2023.
Naquele ano, o rio estava em 3,20 m no mesmo período, garantindo melhores condições de escoamento. Esses indicadores fazem toda a diferença para a empresa LHG Mining, que está trabalhando na ampliação de sua venda de minério de ferro e de manganês para o exterior.
A Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq) tem dados disponíveis até fevereiro deste ano, quando o Rio Paraguai apresentava 1,53 m na régua de Ladário, nível bem acima do identificado no mesmo período de 2024.
Só nesse período, o crescimento de movimento portuário do transporte de minério foi de 84% – considerando o Terminal Gregório Curvo, principal meio de escoamento da LHG Mining. Toda essa carga foi direcionada para exportação.
A empresa, que entrou no mercado há três anos, trabalha para conseguir dobrar sua produção. Neste ano, o volume extraído previsto é de 12 milhões de toneladas.
Com um investimento anunciado em abril de R$ 4 bilhões para ampliar suas minas, a proposta é alcançar 25 milhões de toneladas de minério extraído nos municípios de Corumbá e Ladário.
Esses números constam no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) entregue ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), órgão responsável pela fiscalização.
Conseguir ampliar a produção significa também garantir o escoamento adequado, principalmente via Rio Paraguai.
Esse modal é o que garante maior volume, sendo utilizado para cargas a serem exportadas, principalmente para a China, e tem possibilidade de maior competitividade no preço do produto.
Uma barcaça no Rio Paraguai chega a representar até 3 mil caminhões fazendo transporte.
por rodovias.
OTIMIZAÇÃO
Conforme apurado, a própria LHG Mining busca otimizar a hidrovia, pois tem um porto próprio, capaz de garantir o transporte sem depender diretamente de terceirizações. A empresa, desde que iniciou suas operações, mudou o modo de trabalho então praticado pela Vale.
A LHG passou a ter mais de 2 mil funcionários próprios e deixou a terceirização reservada para poucos setores.
No mês passado, ainda promoveu um feirão para receber currículos e está com mais de 10 vagas de trabalho ainda abertas, inclusive no setor de logística, além de oportunidades também para atuar no Paraguai.
Além de depender das variações do Rio Paraguai, em função dos ciclos de cheia e vazante do Pantanal, a LHG Logística, subsidiária do negócio de mineração para atuar no transporte, está com R$ 3,7 bilhões liberados do BNDES para conseguir construir balsas que estejam adaptadas ao cenário pantaneiro.
Esse montante foi liberado em setembro de 2024, e, além da construção de até 400 balsas, outros 15 empurradores estão sendo produzidos em estaleiros brasileiros.
Esse financiamento foi acordado com o critério de que todas essas obras fossem feitas no Brasil, em vez de haver negociação com a China – que domina o setor de construção desse tipo de embarcação e chega a oferecer preços 20% menores que os praticados no mercado brasileiro.
Na época da liberação, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi enfático sobre o apoio à indústria nacional.
“A operação contribui para o desenvolvimento da produção nacional, impulsiona a descarbonização e reativa a indústria naval”, comentou.
A mineradora com atuação no Pantanal está sendo responsável por aumentar em 16% a frota brasileira de transporte e carga para navegação interior (em rios e lagoas, por exemplo). Os estaleiros estão localizados principalmente nas Regiões Nordeste e Norte.
O presidente da LHG Mining, em nota, comentou que a proposta é criar um novo cenário no setor de transportes do Brasil.
“O Fundo da Marinha Mercante e o BNDES foram fundamentais para garantir a competitividade dos estaleiros brasileiros frente a concorrentes estrangeiros que apresentaram um custo inicial até 20% menor”, comentou, em nota oficial, na época do anúncio.
No plano que envolve a aquisição de novas balsas, a mineradora apontou que tem meta de aumentar a produção em até 5,9 milhões de toneladas por ano.
O trecho percorrido é de 2,5 mil quilômetros, saindo de Corumbá e indo até Nueva Palmira (Uruguai), localizado a 100 quilômetros ao norte de Buenos Aires (Argentina).
Rodolfo César, de Corumbá - www.correiodoestado.com.br